Estreia com vitória

O ADN Sesimbra, acabadinho de se constituir, fez a sua estreia no OriTejo, uma prova de orientação pedestre organizada pelo clube COA, nos dias 21 e 22 de janeiro, na zona de Abrantes. E não podia ter começado melhor: uma folgada vitória coletiva, com mais de mil pontos de vantagem sobre as duas equipas que connosco partilharam o pódio. Curiosamente, ao nosso emblema, do Sul, juntaram-se o .COM, do Norte, e o COC, do Centro.

O evento constou de três etapas: duas de floresta, nas manhãs de sábado e domingo, respetivamente em Arreciadas e Tramagal, e um sprint urbano, no sábado à tarde em Abrantes. No conjunto das três etapas, o clube de Sesimbra somou 14 vitórias individuais e mais 19 lugares de pódio, o que, reduzido a pontos, acabou por traduzir-se numa classificação final com 6 vitórias, dois 2ºs e dois 3ºs lugares.

Venceram os seus escalões: Miguel Manso (H18), Leonor Ferreira (D18), Nuno Ferreira (H45), Fernando Mendes (H55), Luísa Gaboleiro (D60) e Manuel Dias (H70). Foram 2ºs Miguel Canana (H14) e Vasco Mendes (HE); e 3ºs Joana Canana (D18) e Catarina Félix (D50).

Saúdam-se particularmente as prestações dos dois Mendes (pai e filho). No caso do Fernando, pela novidade, uma vez que, na época passada, terminara em 8º no ranking de H50, mas sem qualquer vitória individual; no caso do Vasco, pela dificuldade em subir ao pódio no escalão de Elite. Domingo, no Tramagal, durante uns dez longos minutos chegámos a acreditar num triunfo do atleta sesimbrense nessa derradeira etapa do OriTejo.

Quando o Vasco chegou à meta, o tempo de referência dos concorrentes que já haviam concluído eram os 38.50 de Pedro Nogueira. Parecia que ninguém conseguiria transpor o limiar dos 35 minutos regulamentares para uma prova de distância média. E, de repente, Vasco Mendes corta a meta com 34.37, retirando mais de 4 min à marca do experiente atleta do ADFA.

É verdade que estava ainda no terreno o consagrado Tiago Romão, vencedor das duas etapas da véspera e que agora tinha partido 12 minutos depois de Vasco Mendes. Mas o fosso que o nosso atleta cavara para os demais concorrentes parecia legitimar as melhores esperanças. Foi, porém, um sonho de curta duração. O representante do Clube de Montanha do Funchal não tardaria a entrar no campo de futebol do Tramagal, controlando o “finish” com menos 50 segundos: 33.47.

Novo clube, o mesmo “adn”

A Associação de Desporto Natureza (ADN) de Sesimbra foi constituída no final de 2022 e agrupa basicamente os praticantes de orientação que, até à época transata, integraram a equipa do GDU Azoia. Pode dizer-se que somos um clube novo, mas com o mesmo “adn”. Em termos de competição, temos bons valores em algumas classes jovens, sobretudo H/D 18, e em vários escalões de veteranos, todavia o nosso desígnio maior continua a ser a alegria de participar.

Representando o anterior clube, vencemos o ranking pedestre de 2022 e vamos certamente esforçar-nos para defender esse título, mas os nossos adversários continuarão a ser os nossos melhores amigos. Antes e depois da competição, os jovens à volta duma bola, os mais velhos tomando um copo ou simplesmente conversando, não olham às cores das camisolas. Confraternizamos com os companheiros do COC, do .COM, do Ori-Mondego ou dos Amigos da Montanha, da mesma forma que o fazemos com os do CPOC, CAOS ou 4 Caminhos; rimos ou trocamos ideias com os colegas de Viseu, Estarreja, Bairrada ou Aguiar da Beira, tanto como com os do ADFA, COALA, CLAC ou CP Armada, para nomear apenas os grupos mais numerosos. Em suma, somos uma família.

Com 38 inscritos, fomos o clube mais representado em Abrantes, à frente do Ori-Mondego (36) e do CPOC (35). E, nos resultados finais, averbámos 5139 pontos, contra 3996 do .COM e 3405 do COC.

Para essa pontuação global, além dos já nomeados nos pódios da classificação geral, muito contribuíram também outros “adnistas” com posições relevantes em uma ou mais etapas. Foram manifestamente os casos de Afonso Ferreira em H20 (2º, 5º, 3º), penalizado pela relativa sobrevalorização do sprint, e de Jorge Baltazar (H55) que, embora não tendo comparecido no domingo, pontuou bem nos percursos de sábado (2º e 3º).  Sofia Pulquério falhou o pódio em D18, mas pode orgulhar-se de três resultados confortáveis: 5º, 4º, 3º. Rodrigo Rusga e André Pereira foram 3ºs no sábado de manhã, respetivamente em H14 e H16. Nas classes 21B, António Laia Jr. e Sónia Grou desclassificaram-se na primeira etapa, mas nas outras duas fizeram 2º, 2º (ele) e 3º, 4º (ela).

O pódio dos afetos no domingo foi para Patrícia Pereira, a quem cantámos parabéns pelo seu 43º aniversário. Por conta dessa cerimónia quase nos atrasávamos para a outra, a da entrega de prémios, mas chegámos lá todos com a boca bem docinha.

Mais de mil estrangeiros

Com janeiro quase a virar a página, perfila-se aí o mês mais generoso da orientação em Portugal. Aproveitem este fim de semana para treino ou descanso. Os de fevereiro serão todos de competição.

Nos dias 4 e 5 há várias provas regionais. Não sendo fácil deslocar-se à Madeira, para correr no coração da Laurissilva (São Vicente) em mapa que Tiago Aires acabou de cartografar há poucos dias, a maioria de nós irá até Lisboa, para o Belém City Race.

A 11 e 12 é o NAOM, em Castelo de Vide, Marvão e Portalegre. Na página da prova tem escasseado a informação, mas consta que, no terreno, se está a preparar uma edição de luxo.

De 18 a 21 tem lugar o POM, desta vez nos desafiantes mapas de São Bartolomeu do Outeiro. Estão já inscritos mais de mil estrangeiros. E o mês do nosso contentamento fecha com o CAOM, de 24 a 26 em Santiago do Cacém.

Manuel Dias

Fotos de Luís Boal