VM7 na Madeira!

Vasco Mendes foi, na classe Elite, o melhor português no Madeira Orienteering Festival, que decorreu, de 10 a 12 de janeiro, em quatro bem distintos terrenos da ilha, reunindo quase 500 participantes. O atleta da ADN Sesimbra manteve uma regularidade assinalável em todas as etapas, acabando por classificar-se em 7º lugar da geral entre os 56 finalistas do seu escalão, que contou com mais de três dezenas de estrangeiros, incluindo alguns medalhados em campeonatos europeus e mundiais. É o Vasco a fazer concorrência ao CR7.

Embora com resultados mais modestos, dois outros atletas do clube fizeram a sua estreia em Homens Elite, Luís Boal e Rui Miguel Pereira, que tinham, no último ano, competido em H21A. Esta ascensão ao mais alto patamar da orientação portuguesa abre estimulantes perspetivas para a nova temporada, onde os desta vez ausentes Tiago Baltazar e Igor Ventura fecham o nosso quinteto da elite masculina.
Um quarto elemento do ADN, o veterano Manuel Dias, correu também o evento de abertura da época 2025, mas com resultados aquém do seu habitual.

As últimas edições do MOF, sempre em janeiro, já tinham atingido um nível de alta qualidade, mas a realização deste ano superou todas as expectativas, comprovando o esmero da sua longa e criteriosa preparação. Por exemplo, o sprint de sábado à tarde na Camacha, a contar para o ranking mundial da modalidade, incluiu a passagem por vários terrenos privados, o que obrigou à abertura momentânea de 32 portões. Entrámos em quintas, pátios e logradouros, cujo acesso foi expressamente consentido para esta ocasião. As artérias públicas da vila, com uma intricada rede de caminhos, veredas apertadas, rampas e escadinhas, são já de si complexas o suficiente para dificultar a navegação com mapa. Somou-se a essa dificuldade a circulação nos tais espaços privados e, como se isso não bastasse, a organização criou barreiras artificiais em algumas ruas, para evitar itinerários fáceis entre os pontos de controlo. Comum aos principais percursos de competição foi imaginado um troço que, com origem e destino em pontos próximos, lançava a todos o mesmo desafio: como ir de “A” para “B” fazendo a menor distância, menos subidas e fugindo aos cortes artificiais de estrada? No caso da elite masculina, havia oito opções de percurso para essa pernada. Escolher a melhor, em frações de segundo e no meio de tantos condicionamentos, foi um quebra-cabeças perfeito, como se espera de uma prova de sprint bem traçada. Mesmo com menor número de alternativas, praticamente todas as ligações entre pontos ofereciam distintas soluções.

O vencedor dessa etapa, o belga Yannick Michiels, confessou-se deslumbrado com a excelência da organização. Ocupando a terceira posição no ranking mundial de sprint da IOF, disputa provas em meio urbano um pouco por todo o mundo. Tinha acabado de chegar da China. Concluída a prova, foi entrevistado por Bruno Nazário, que, apoiado por Tiago Aires na locução em português, fez uma cobertura de arena de nível internacional, transmitindo à assistência a informação recebida via GPS sobre o que no palco da competição se ia passando a cada momento. As indicações fornecidas pelos pontos de rádio e a passagem dos atletas pelo ponto de espectadores instalado na arena desataram emoção, alimentada pelos comentários certeiros dos “speakers”, que nos faziam adivinhar as sucessivas alterações de liderança na prova. O esquema de partidas, pela ordem inversa da sua posição no ranking IOF, também propicia esse jogo: os mais credenciados partem no fim, pelo que o recorde do percurso está quase permanentemente a ser batido.
O entusiasmo aumentava de cada vez que os locutores anunciavam a entrada iminente na arena de um destacado atleta português. Aconteceu assim com Ricardo Esteves, Luís Silva ou Manuel Oliveira. E, naturalmente, com o nosso Vasco Mendes, que foi objeto de desenvolvidos comentários. “Aumentar a pressão” sobre os concorrentes portugueses foi um objetivo declarado da locução, que assim julga melhor os preparar para a atuação em futuras competições internacionais. Ouvirem gritar os seus nomes e os tempos de vantagem ou atraso para os competidores mais diretos ajudá-los-á a lidarem com o stress e a gerir a concentração.

O destaque concedido ao sprint da Camacha não significa que as outras três etapas tenham baixado a fasquia de sucesso. O MOF começou, aliás, na sexta-feira, com uma prova de características singulares: uma etapa noturna desenrolada num campo de golfe. Aconteceu no Palheiro Golf, “com uma vista privilegiada sobre a baía do Funchal”, como é, muito justamente, promovido pelo Turismo da Madeira. Esta parceria foi inaugurada no ano passado, mas o cerradíssimo nevoeiro dessa primeira edição constituiu deceção para muitos participantes. Desta vez, o foco dos frontais rompia bem a escuridão.

O bom tempo foi, de resto, uma constante neste fim de semana madeirense, tornando mais aliciantes também as duas etapas de floresta, sábado no Poiso, domingo na Ponta de São Lourenço. Foram duas corridas fisicamente duras e muito desafiantes do ponto de vista técnico. A última prova, com partida e chegada na Prainha, pedia um mergulho a que alguns não se furtaram. Foi uma forma de confiar àquelas águas a promessa de regressar para o próximo MOF, que já tem data prevista: 9 a 11 de janeiro de 2026.

Manuel Dias

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